22/04/2014

Contemplo o que não vejo

Poema: Fernando Pessoa
Música: Armando Augusto Freire (Armandinho)
(Alexandrino do Armandinho)

Contemplo o que não vejo
É tarde, é quase escuro
E quanto em mim desejo
Está parado ante o muro

Por cima o céu é grande
Sinto árvores além
Embora o vento abrande
Há folhas em vaivém

Tudo é do outro lado
No que há e no que penso
Nem há ramo agitado
Que o céu não seja imenso

Confunde-se o que existe
Com o que durmo e sou
Não sinto, não sou triste
Mas triste é o que estou