14/05/2014

A minha sina é cantar

Autor: Manuel Andrade

A minha sina é cantar
O fado pelas vielas
E ver abrir as janelas
À noite de par em par

Ser fadista é o meu fado,
Vaguear de porta em porta,
Dedilhar a horas mortas
A guitarra em tom magoado

Há quem diga com desdém
Que é tolice, que é loucura,
Andar assim à procura
Do valor que o fado tem…

Mas que posso mais fazer?
Tenho o destino marcado,
Ser fadista é o meu fado,
E fadista hei-de morrer.

Às vezes penso em mudar,
Em viver doutra maneira
Ao calor duma lareira
Ou no sossego do lar…

Não consigo, não atino,
Logo que oiço uma guitarra
Volto p'rá vida de farra,
Pois é este o meu destino.

Com a guitarra a meu lado
A trinar em tom plangente,
Vivo assim, vivo contente,
Ser fadista é o meu fado.